Dicas e Turismo

Tour no Marrocos: Deserto do Saara – Dia 1

Post feito em parceria com Saha Tours.

Em março de 2015 realizamos uma viagem incrível a um lugar que tínhamos muita vontade de visitar. Estivemos no Marrocos!

Ainda que não tivéssemos muito tempo para conhecer todos os misteriosos e particulares cantos desse país, demos um jeito na distribuição dos dias disponíveis para conhecer o que há de mais encantador nesse destino: o deserto do Saara.

É claro que conhecemos apenas uma pontinha do maior e mais quente deserto do mundo (o amigo Wiki disse que a Antártida é oficialmente o maior deserto da Terra), pois sua área compreende mais de 9 milhões de Km2 e o Marrocos é apenas um dos países do norte da África tocado por suas dunas e areias.

Pesquisamos muito antes de ir até lá e chegamos a conclusão que o mais recomendável seria fazer esse tour com um guia ao lado. Assim como no Atacama, você pode até alugar um carro e chegar até a porta do deserto, mas poderá perder muitos detalhes se não tiver alguém ao seu lado e que realmente conhece os melhores picos para parar, apreciar a paisagem e conhecer as histórias que moram em cada povoado pelos quais passamos.

A parte do deserto propriamente dito, não rola de ir sozinho. Você até pode alugar o seu camelo em um dos poucos hotéis à beira do deserto, mas um guia deverá estar junto a você para conduzi-lo até o acampamento.

Dito isso, nada melhor do que ter ao seu lado um guia cujo seu berço de nascimento é o próprio deserto, onde suas origens são as origens de seu país antes de tantas invasões, um verdadeiro berbere, nosso mais novo amigo Youssef.

Nessa viagem tivemos o grande prazer e a oportunidade de conhecer os serviços da Saha Tours. Uma agência de passeios que realiza uma série de tours por rotas turísticas no Marrocos e também em veículos 4×4.

Tour Deserto Marrocos 1

A família de nosso amigo Youssef tem suas origens no deserto. Isso mesmo! Ele e seus irmãos nasceram lá e depois, alguns se mudaram para as cidades. Ninguém melhor que ele para nos mostrar tudo que se tem para conhecer nessa caminhada.

O tour que realizamos junto a Saha Tours e nosso amigo Youssef foi o tour de 3 dias para o deserto do Saara. Logo abaixo poderão ver todos os detalhes e imagens desse passeio.

1º Dia

Chegamos em Marrakech na noite anterior ao dia que seria já o nosso primeiro dia de tour. Como era tarde da noite, preferimos nos hospedar em um hotel mais próximo ao aeroporto do que da Medina. Via e-mail, Youssef já havia nos comunicado a que horas deveríamos estar prontos e quem nos apanharia.

Nesse primeiro dia, veio até nosso hotel nos buscar às 8h da manhã, Alí, o irmão de Youssef. Faríamos o início do tour com ele até nos encontrarmos com Youssef.

Alí nos levou de Marrakech até onde começaria de verdade nossa aventura: o Alto Atlas.

Pela manhã, antes de sair da cidade, conseguimos ver a agitação de Marrakech pois passamos por fora dos muros da Medina. Seguimos então pela estrada e apontamos, pouco mais de 1h depois, no início de um percurso montanhoso com suas estradas cheias de curvas. É necessário passar por ali, cruzar os Atlas e chegar a outros povoados até a entrada do deserto.

Tour Deserto Marrocos 2

Alí nos alertou que muitos turistas costumam passar mal por conta de enjôos causados por tantas curvas. Felizmente não tivemos nenhuma reação indesejada por conta disso. (Provavelmente, fruto de nosso treinamento intensivo de curvas de quando morávamos em Nicosia na Itália, rs).

Durante assa subida, começamos a conhecer e entender melhor o país. Aqui você se distancia um pouco dos pontos 100% turísticos e passa a ter contato com pessoas que vivem suas tradições, o modo de ser do povo berbere.

Tour Deserto Marrocos 3

Um parênteses: para quem não sabe (nós não sabíamos disso antes da viagem para o Marrocos!), o povo berbere está presente no norte da África, tem sua própria língua (berbere), e dele fazem parte outros sub povos como os tuaregues (nômades do Saara). Com a conquista árabe em determinadas regiões onde habitavam os berberes, um pouco de suas tradições passaram a sofrer mudanças. Mas nesse tour, adentrando o Marrocos, você consegue ver um pouco de suas origens.

Voltando ao nosso percurso, começamos então a fazer algumas paradas pelo caminho. Paramos em um restaurante onde o terraço era um bom lugar para uma vista panorâmica e para tomar um café, chá ou ir ao banheiro. Em seguida passamos por pontos onde podíamos ver povoados aparentemente isolados, com construções de casas berberes nas encostas das montanhas. E depois em outro restaurante para ir ao banheiro e uma lojinha ao lado para comprar uns snacks e água. Aqui também existia uma loja de produtos para corpo e cabelo feitos de argan, produzidos por uma cooperativa feminina. As mulheres inclusive mostravam como eram produzidos (se assistir a isso, é de bom tom que dê uma “contribuição” ou compre um produto, ok?)

O próximo ponto de parada importante foi a Porta de Tichka ou Col du Tichka. Mais uma encantadora vista panorâmica, mas dessa vez à cerca de 2.200m de altitude. Aqui você verá também uma série de lojas de souvenirs e também alguns cafés.

Tour Deserto Marrocos 4

De uma forma geral, as paisagens pelas quais passamos eram bem interessantes: alguns vales com águas e outros com casas. Espaços com bastante verde e outros rochosos e áridos com cores que variavam entre ocre, vermelho queimado e marrom.

Tour Deserto Marrocos 5

A essa altura, estávamos famintos e Alí nos levou a um povoado chamado Ait Ben Haddou. Aqui nós tivemos o primeiro contato com a comida marroquina em um dos restaurantes que paramos para almoçar (existem apenas 2 e aquele que você irá realizar sua refeição, apesar de não estar incluído no valor do tour, já será pré definido pela agência que você contratou).

A parte da refeição funciona de forma parecida a que conhecemos: a entrada geralmente composta por salada, o prato principal que garante maior sustância e as frutas ao final. O pão acompanha sempre as refeições.

Como eles são bem exagerados na quantidade da comida, pagamos apenas 1 menu turístico para nós dois: 1º a salada com a sopa; depois o 2º com arroz, legumes e kafta e por último as frutas. Com as bebidas saiu aproximadamente 100 dirhams, o equivalente a 10 euros.

Tour Deserto Marrocos 6

Após a refeição, Alí nos levou até um guia local que nos levaria ao Ait Ben Haddou propriamente dito. Uma cidade fortificada (um alcazár, ksar) na região de Souss-Massa-Drâa.

Essa cidade era um ponto de parada das caravanas que realizavam o percurso entre o deserto do Saara e a cidade de Marrakech. Ela está em uma colina. No caminho até o ponto mais alto estão casas construídas em estilo berbere (que hoje muitas foram transformadas em lojinhas) e no alto uma fortaleza utilizada antigamente para guardar itens de valor ou mesmo estocar alimentos. Foi construída no ano de 757 e em 1987, declarada Patrimônio Mundial da Unesco.

Tour Deserto Marrocos 7

Você provavelmente já viu esse lugar nos cinemas ou na telinha de sua televisão, pois aqui foram gravadas cenas de filmes como A Múmia, Gladiador, Alexandre, Indiana Jones, Lawrence da Arábia e até mesmo Games of Thrones 3.

Quando a visita terminar, seu guía local o levará até o guia de seu tour, em nosso caso, Alí. Aqui também será de bom tom dar a este que o guiou pela antiga cidade uma bonificação.

Seguimos então em nosso tour até terminarmos a montanha dos Atlas e chegarmos a uma das mais importantes e movimentadas cidades de nosso percurso, a cidade de Ouazazate. A primeira parada foram os Estúdios CLA, que podem ser visitados no interior se assim você quiser (ingressos à parte). A indústria cinematográfica é muito importante para a economia dessa cidade.

Mas à frente, paramos em Taourirt Kasbah, o antigo entreposto comercial de Ouazazate. Você pode visitá-lo no interior (se não me engano, o valor da entrada era de 10 dirhams, ou 1 euro). Antigamente funcionava como uma aduana para as caravanas que passavam entre o Saara e Marrakech. Era um posto de fiscalização obrigatório para eles e por muitas vezes foram guardados aqui objetos de valores, alimentos e outros.

Tour Deserto Marrocos 8

Nos divertimos muito ali dentro. Parecia mais um labirinto, com passagens, por vezes, bem baixas e escondidas. Adoramos!

Apenas tomem cuidado com o assédio dos moradores que ficam na porta querendo “prestar” seus serviços de guia. São realmente insistentes. Se não quiser esse serviço, responda um grande NÃO logo no começo, caso contrário, terá o estagiário de 50 anos no seu pé te pentelhando o tempo todo para que você aceite o tour guiado dele.

Logo que saímos da aduana, fomos ao estacionamento onde Alí parou o carro e estava nos esperando. Mas para a nossa surpresa, quem estava a nossa espera era Youssef. Ele continuou o passeio conosco e Alí seguiu para Marrakech com o grupo de brasileiros que estava com ele.

(Muito importante dizer aqui que Youssef fala e compreende muito bem o português. Portanto, se você tem algum receio de realizar esse passeio por conta do idioma, essa é uma agência que pode ajuda-lo com isso. Inclusive nossos e-mails foram todos trocados em português).

Foi um encontro muito legal depois de tantos e-mails trocados dos quais estavam cheios de dúvidas de nossa parte sobre como seria o tour e o que seria importante levar. E Youssef foi sempre muito gentil nos respondendo a todos.

Continuamos a rodar por mais algumas horas e passamos por outros povoados. Um dos últimos pelos quais passamos nesse dia foi Kelaat M’gouna. Essa cidade é famosa por seus campos de rosas que florescem na primavera. Existe um famoso festival das rosas que acontece por lá. E mesmo quando elas não marcam presença na paisagem, estão presentes no comércio. É possível ver muitas lojas que vendem produtos e cosméticos à base e com aroma de rosas por lá.

Passamos por ela no final da tarde e foi interessante ver as crianças e adolescentes que saiam das escolas. Lá, eles estudam em dois períodos: pela manhã e pela tarde. Saem da escola apenas para almoçar e depois retornam.

Não chegamos a parar nela, pois tínhamos que chegar até o ponto onde veríamos um lindo por-do-sol. E foi fantástico mesmo! O sol se pôs em um horizonte formado por típicas construções marroquinas.

Tour Deserto Marrocos 9

Depois desse espetáculo seguimos para a Garganta de Dades (ou Gorges du Dades). Lá estaria Dar Essyaha Hotel Restaurant, o hotel onde passaríamos a primeira noite deste passeio.

O hotel era algo encantador! A começar pelas luzes mais avermelhadas e não tão fortes que garantiam o charme de Marrocos a todos os ambientes. Tapetes por todos os lados, toques de decoração em quadros, sofás, almofadas e utensílios que nos acompanharam nas refeições: jantar e café da manhã.

Tour Deserto Marrocos 10

O quarto era também super confortável com banheiro dentro. Tinha inclusive ar condicionado para você não passar frio à noite.

Tour Deserto Marrocos 11

E o mais importante foi a hospitalidade que nos propiciaram. Assim que chegamos, como um verdadeiro ritual de hospitalidade dos marroquinos, nos foi servido chá e alguns petiscos para relaxar do caminho que havíamos feito.

Após o nosso saboroso chá e delicioso banho, subimos para jantar. Saboreamos uma sopa quentinha de entrada e logo em seguida o tradicional Tajine, prato da gastronomia marroquina composto geralmente por uma carne ao centro (comemos sempre a de frango) coberta com legumes cozidos. A panela utilizada para cozinhar e servir esse prato chama-se também tajine (ou tagine).

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Logo após nossa refeição, fomos para o quarto descansar. Apesar de não termos feito tanto esforço de caminhar à pé, estávamos bem cansados e ansiosos para o dia seguinte, quando veríamos o tão esperado deserto.

DICAS

– Se você sofre de enjôos com estradas cheias de curvas, talvez seja uma boa ideia levar algum remédio para isso. A estrada que cruza os Atlas é cheia delas. Vai passar por aqui na ida e volta do passeio. Apenas tome cuidado para não ficar com muito sono. Nesse trajeto existem muitas coisas interessantes para se ver e você não vai querer perder.

– Na parada da loja de Argan, compre garrafas de água e uns snacks. Vai servir para o seu dia de passeio quando não puder parar.

– Em relação as lojinhas de souvenirs que encontrar pelo caminho ou mesmo vendedores, pergunte sobre valores apenas se tiver o real interesse de comprar ou ao menos negociar. Não é como Marrakech, mas eles são muito insistentes em fazer você comprar suas mercadorias. E nem todas as pedras (minerais) que dizem ser naturais o são. Algumas delas são pintadas por dentro o que garante aquela cor azul ou rosa brilhantes que dizem ser naturais, rs.

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